Guiné > Brá, Outubro de 1965 > Governador-Geral e Com-Chefe, general Schultz, o Comandante Militar e o Capitão Nuno Rubim (atrás) recebendo honras militares dos comandos do CTIG em parada. Com o regresso a Portugal do Capitão Rubim, em Fevereiro 1966 ficou a comandar a Companhia de Comandos o Capitão de Artilharia José Eduardo Martinho Garcia Leandro, que até à data estava a comandar a Companhia 640, estacionada em Sangonhá.
Foto (e legenda) : © Virgínio Briote (2005). Todos os direitos reservados
Recorte de jornal (talvez de O Século), enviado pelo nosso camarada Joaquim Lúcio Ferreira Neto. Arnaldo Schulz entre outros cargos foi Director do Centro de Instrução da Milícia da Mocidade Portuguesa; na imagem parece ser o primeiro, a contar da direita, não sabemos em que qualidade é que estava aqui, mais provavelmente como diretor do centro da milícia da MP; os subsecretários de estado do exército, da aeronáutica e do educação nacional estavam à civil... De 1950 a 1956, o subsecretário de estado do exército era o Horácio Sá Viana Rebelo (1910-1995...
De referir ainda que, como jovem tenente, com 28 anos, Schulz fez parte da Missão Militar Portuguesa de Observação à Guerra Civila Espanhola, de junho a novembro de 1938, conforme consta do seu processo individual no Arquivo Históprico-Militar. Tal como Spínola, que nasceu no mesmo ano do Schulz (1910), também estaria, três anos depois, em 1941, na frente russa, como observador das movimentações da Wehrmacht, no início do cerco a Leninegrado. Dizia-se que era germanófilo, como muitos oficiais do exército português da época. E foi daí que lhe terá vindo o gosto pelo monóculo... Na Guiné, sempre lhe chamei Herr Spínola... (LG)
1. Mais 3 comentários sobre os homens que, do lado português. comandaram os destinos da Guiné, antes da independência (*):
António Sebastião Ribeiro de Spínola, Governador e Comandante Chefe (1968-1973) chegou e "mexeu e remexeu o xadrez da Guiné". Foi o homem escolhido do Marcelo Caetano, pelo que "pode tirar partido" da situação. Aumentou o efectivo e a actividade operacional. Foi o que mais tempo esteve á frente dos destinos da província, e quando o número de militares por metro quadrado atingiu o máximo de sempre. Foi o que criou mais instabilidade ao IN.
José Manuel Bettencourt Conceição Rodrigues, Governador e Comandante Chefe (1973-1974) sucede a um militar que já tinha firmado as suas credenciais, não só na Guiné mas também na metrópole, pelas "dores de cabeça" provocadas pelas suas viagens frequentes a Lisboa, para falar com Marcelo Caetano e pelos ultimatos que fazia, até que apresentou a demissão e foi necessário criar um "impedimento" para o manter no "arco do poder": a Vice Chefia do EMGFA, único a ocupar esse cargo. Caiu-lhe em cima a Declaração da Independência, assim como o 25 Abril e o Golpe dos MFA/Guiné.
Mais importante para os militares naturais da Guiné do que para os europeus, ainda houve dois Governadores e Comandantes Chefe:
Mateus da Silva e São Gouveia, militares portugueses que, após a prisão do governador Bettencourt Rodrigues, no Forte da Amura, em Bissau, entre o dia 27 de Abril e o dia 7 de Maio de 1974, estiveram na governação interina da Guiné, até á chegada de Carlos Alberto Idães Soares Fabião, Ultimo Governador.
Fui fazer o levantamento de efectivos operacionais "presentes" no TO da Guiné, e constantes dos "5,517 - Os últimos anos da Guerra na Guiné Portuguesa" (***). para tentar "explicar" as preferências indicadas pelos camarigos.
Vejamos oe efectivos:
Governo de Arnaldo Schulz
23 de Dezembro de 1966 - 18.920
Governo de António de Spinola
4 de Setembro de 1968 - 20.580
4 de Dezembro de 1968 - 20.488
3 de Agosto de 1969 - 24.425
2 de Agosto de 1970 - 23.196
Governo de José Manuel Bettencourt Conceição Rodrigues
7 de Setembro de 1973 - 23.471
Mário Beja Santos [, ex-alf mil, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70]
Meu caro Luís,
Gabo-te a oportunidade do desafio (*).
Quando estava a ultimar “História(s) da Guiné Portuguesa” de que em breve darei notícias, logo que saiba a data do lançamento, deparei-me com esta lacuna fundamental da guerra da Guiné: o período de 1968-1974 está fartamente documentado, creio que em nenhuma frente de guerra haverá tanta documentação como desse período, respeitante ao carismático Spínola que tudo fez para que a sua encenação política pudesse ser vista lá como cá; ora a governação Schulz, tanto quanto sei, não tem livros, teses de doutoramento ou documentos aparentados, fala-se por alto que Schulz investiu de 1964 até 1968 a fundo na quadrícula e no uso das operações com tropas especiais. O resto é neblina.
Esta situação é prejudicial ao entendimento dos factos sequenciais entre 1962 e 1974. Nomeia-se Schulz e aconteceu o quê? A dar credibilidade ao que escreveram homens como Carlos Fabião, Schulz é um homem cansado e doente, em Fevereiro de 1968. André Gomes e um pequeno grupo flagelaram Bissalanca, o que teve repercussões em toda a cidade e no moral das tropas ali acantonadas, e fora delas.
Ainda não sabemos se este homem foi um puro joguete da História, atirou-se à missão com os seus conhecimentos de Estado-Maior e terá feito aquilo que era possível fazer com os recursos, efetivos e armamentos que Lisboa lhe fornecia, ou se entrou numa rotina perigosa, isto enquanto o PAIGC acumulava meios, prestígio e posições?
Talvez a chave da questão esteja no Arquivo Histórico-Militar, mas era muitíssimo importante que quem sabe da poda, aqui no blogue, desse o litro, contasse a verdade, tal como a viveu ou experienciou.
Estarei atento, também eu preciso de juntar peças, as que temos não são satisfatórias. (**)
______________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 9 de outubro de 2015 >9 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15227: Inquérito "on line" (4): "Dos 3 últimos com-chefes do CTIG, aquele de que tenho melhor opinião é... Arnaldo Schulz (1964/68), António de Spínola (1968/73) ou Bettencourt Rodrigues (1973/74) ?... Resposta até 5ª feira, dia 15, às 15h30
(**) Último poste da série > 12 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15240: Inquérito "on line" (5): Resultados provisórios, num total de 117 respostas: parece haver uma sobrerrepresentação dos "spinolistas" (75%), em relação aos "schulzistas" (5%) e aos "bettencourtistas" (5%)... Comentários de José Colaço, Raúl Azevedo, Veríssimo Ferreira e Francisco Galveia
1. Mais 3 comentários sobre os homens que, do lado português. comandaram os destinos da Guiné, antes da independência (*):
Joaquim Lúcio Ferreira Neto [, ex-cap mil, CART 2340, Canjambari, Jumbembem e Nhacra, 1968/69]
Embora tivesse como comandantes os Generais Arnaldo Schulz e António de Spínola, só tive oportunidade de falar com António de Spínola, por duas vezes.
Quanto a Arnaldo Schulz, conheci-o em 1955, nas circunstâncias que figuram na fotografia publicada nos jornais, das quais envio uma cópia [, quando ele, juntamente subsecretário de Estado do Exército, da Aeronáutrica e da Educação, passou revista à formatura antes do juramento de bandeira dos cadetes do 2º curso de preparação militar no XII Acampamento Nacional da Milícia da Mocidade Portuguesa, na Carregfueira]. Eu fazia parte desse grupo.
José Martins [ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70]
Embora tivesse como comandantes os Generais Arnaldo Schulz e António de Spínola, só tive oportunidade de falar com António de Spínola, por duas vezes.
Quanto a Arnaldo Schulz, conheci-o em 1955, nas circunstâncias que figuram na fotografia publicada nos jornais, das quais envio uma cópia [, quando ele, juntamente subsecretário de Estado do Exército, da Aeronáutrica e da Educação, passou revista à formatura antes do juramento de bandeira dos cadetes do 2º curso de preparação militar no XII Acampamento Nacional da Milícia da Mocidade Portuguesa, na Carregfueira]. Eu fazia parte desse grupo.
Vasco António Martínez Rodrigues, Governador sem responsabilidades militares, entre 1962 e 1964, apenas "apanhou" o inicio e dois anos de guerra.
Arnaldo Schulz, Governador e Comandante Chefe, foi transferido de um Comando de Agrupamento em Angola, onde era Coronel (tirocinado). Foi para a Guiné, em 1964, numa altura em que o efectivo ainda não se aproximava do que veio a ser, poucos anos depois. Consta que se dava melhor com o "alcatrão" do que com a "mata".
António Sebastião Ribeiro de Spínola, Governador e Comandante Chefe (1968-1973) chegou e "mexeu e remexeu o xadrez da Guiné". Foi o homem escolhido do Marcelo Caetano, pelo que "pode tirar partido" da situação. Aumentou o efectivo e a actividade operacional. Foi o que mais tempo esteve á frente dos destinos da província, e quando o número de militares por metro quadrado atingiu o máximo de sempre. Foi o que criou mais instabilidade ao IN.
José Manuel Bettencourt Conceição Rodrigues, Governador e Comandante Chefe (1973-1974) sucede a um militar que já tinha firmado as suas credenciais, não só na Guiné mas também na metrópole, pelas "dores de cabeça" provocadas pelas suas viagens frequentes a Lisboa, para falar com Marcelo Caetano e pelos ultimatos que fazia, até que apresentou a demissão e foi necessário criar um "impedimento" para o manter no "arco do poder": a Vice Chefia do EMGFA, único a ocupar esse cargo. Caiu-lhe em cima a Declaração da Independência, assim como o 25 Abril e o Golpe dos MFA/Guiné.
Mais importante para os militares naturais da Guiné do que para os europeus, ainda houve dois Governadores e Comandantes Chefe:
Mateus da Silva e São Gouveia, militares portugueses que, após a prisão do governador Bettencourt Rodrigues, no Forte da Amura, em Bissau, entre o dia 27 de Abril e o dia 7 de Maio de 1974, estiveram na governação interina da Guiné, até á chegada de Carlos Alberto Idães Soares Fabião, Ultimo Governador.
Fui fazer o levantamento de efectivos operacionais "presentes" no TO da Guiné, e constantes dos "5,517 - Os últimos anos da Guerra na Guiné Portuguesa" (***). para tentar "explicar" as preferências indicadas pelos camarigos.
Vejamos oe efectivos:
Governo de Vasco António Martínez Rodrigues
8 de Agosto 1962 - 2.817
8 de Setembro de 1963 - 4.118
8 de Novembro de 1963 - 6.005
8 de Agosto 1962 - 2.817
8 de Setembro de 1963 - 4.118
8 de Novembro de 1963 - 6.005
Governo de Arnaldo Schulz
23 de Dezembro de 1966 - 18.920
Governo de António de Spinola
4 de Setembro de 1968 - 20.580
4 de Dezembro de 1968 - 20.488
3 de Agosto de 1969 - 24.425
2 de Agosto de 1970 - 23.196
Governo de José Manuel Bettencourt Conceição Rodrigues
7 de Setembro de 1973 - 23.471
Meu caro Luís,
Gabo-te a oportunidade do desafio (*).
Quando estava a ultimar “História(s) da Guiné Portuguesa” de que em breve darei notícias, logo que saiba a data do lançamento, deparei-me com esta lacuna fundamental da guerra da Guiné: o período de 1968-1974 está fartamente documentado, creio que em nenhuma frente de guerra haverá tanta documentação como desse período, respeitante ao carismático Spínola que tudo fez para que a sua encenação política pudesse ser vista lá como cá; ora a governação Schulz, tanto quanto sei, não tem livros, teses de doutoramento ou documentos aparentados, fala-se por alto que Schulz investiu de 1964 até 1968 a fundo na quadrícula e no uso das operações com tropas especiais. O resto é neblina.
Esta situação é prejudicial ao entendimento dos factos sequenciais entre 1962 e 1974. Nomeia-se Schulz e aconteceu o quê? A dar credibilidade ao que escreveram homens como Carlos Fabião, Schulz é um homem cansado e doente, em Fevereiro de 1968. André Gomes e um pequeno grupo flagelaram Bissalanca, o que teve repercussões em toda a cidade e no moral das tropas ali acantonadas, e fora delas.
Ainda não sabemos se este homem foi um puro joguete da História, atirou-se à missão com os seus conhecimentos de Estado-Maior e terá feito aquilo que era possível fazer com os recursos, efetivos e armamentos que Lisboa lhe fornecia, ou se entrou numa rotina perigosa, isto enquanto o PAIGC acumulava meios, prestígio e posições?
Talvez a chave da questão esteja no Arquivo Histórico-Militar, mas era muitíssimo importante que quem sabe da poda, aqui no blogue, desse o litro, contasse a verdade, tal como a viveu ou experienciou.
Estarei atento, também eu preciso de juntar peças, as que temos não são satisfatórias. (**)
______________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 9 de outubro de 2015 >9 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15227: Inquérito "on line" (4): "Dos 3 últimos com-chefes do CTIG, aquele de que tenho melhor opinião é... Arnaldo Schulz (1964/68), António de Spínola (1968/73) ou Bettencourt Rodrigues (1973/74) ?... Resposta até 5ª feira, dia 15, às 15h30
(**) Último poste da série > 12 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15240: Inquérito "on line" (5): Resultados provisórios, num total de 117 respostas: parece haver uma sobrerrepresentação dos "spinolistas" (75%), em relação aos "schulzistas" (5%) e aos "bettencourtistas" (5%)... Comentários de José Colaço, Raúl Azevedo, Veríssimo Ferreira e Francisco Galveia
(***) Vd. último poste da série > 6 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13698: Os Últimos Anos da Guerra da Guiné Portuguesa (1959/1974) (José Martins) (9): 7 de Abril de 1974